Gerânios
Emoldurada por gerânios floridos pequenina é minha janela,
Mas dela, quase sempre só, ouço e vejo um grande mar, Emoldurada por gerânios floridos, pequenina é minha janela, Mas dela, quase sempre só, ouço e vejo um grande mar, O que sempre insiste nas coisas dela que me vêm contar. - dela minha quase namorada – Ela arisca vagueia de lá pra cá em vida doída e descalçada, Por ora vivendo assustada, cultivando daninhas raízes em taça, Amargando, inconformada, sua delicada e generosa graça E queda chicoteada por palavras de ódio e boca na mordaça. Fui muito tarde encontrá-la pelos tais caprichos do acaso, Não muito tarde para um amansado coração de esteio, Empenhado em rachar seu delgado coração ao meio, Quebrar a sua taça de amarguras, lhe oferecendo liberdade em vaso. Do mar apreendo estar ela sendo da lamentação um muro, Estar sendo, das penas alheias frágil e fiel depositária, Cobrada e reconvocada para incertos mergulhos no escuro, Mergulhados nas tristezas causadas por um algoz, um pária. Como maquis resiste guerreira na luta por sua decisão indecisa, Reagindo ao debater-se nas mágoas de sua culpa imprecisa, Mas sorri apenas nos intervalos das lágrimas que por atenção noto, Quando também me ponho triste ao vê-la presa por controle remoto, Como obedecida presa de seu passado tornado obscuro, Enquanto eu me atrevo em querer entrar no seu futuro. Hoje viver meu presente é estar vivendo o dela. Por ora cultivo apenas aqueles novos gerânios da janela. Maio/06
CA Paulon
Enviado por CA Paulon em 14/08/2007
Alterado em 10/04/2014 |