C A PAULON

Não me siga estou perdido, mas o pior cego é aquele que nem sanfona toca.

Textos

Meu Grito
MEU GRITO
                capaulon


Penso agora e pensei antes no trato feito
Por nós dois tratado, jurado, num acordo em comum.
Penso agora no acordo que se fez desfeito
Para viver uma paixão, como todas, por motivo algum.

Penso no camafeu que te fiz presente
Para que eu pudesse arrancar-te mais um sorriso
Porque a mim prometi ter-te e fazer-te sempre contente
Pisando firme, enquanto caminho a ti sem saber onde piso.

Pude então com muita calma acariciar teus pés
Procurando mais e melhor entender tua mente
Para escrever “te quero” no camafeu ao revés
Para em momento adiado dizer-te: “consente”.

Por isso querida te levei para mais distante cama
Pensando que assim agia em promessa cumprida,
Prevendo mais próximo nosso momento, mas sem drama
Pudesse eu tê-la inteira em hora de prazer vivida.

Tremi, confesso, com o teu toc-toc na porta
E me ri, confesso, daquelas ootecas benditas,
Já que o teu bendito nojo nossa promessa entorta
E assim vieste a mim em céleres passadas aflitas.

Estavas linda e úmida envolvida na azul toalha.
Eu mais do que feliz vibrava em pensar “vou tê-la”,
Imaginava seres tu minha chama ou minha mortalha,
Minha noite santa, minha tempestade ou minha estrela.

Estávamos sós, um e outro juntos e muito perto.
No meu quarto feito nosso perfeito templo à meia-luz.
E sentimos ambos, bem entendendo assim, decerto,
Chegado enfim aquele instante em que o amor seduz.  



Para descobrir teu corpo fiz-me navegador
A tatear segredos em tua pele de macios caminhos,
Navegando em desconhecidos mares e com ardor
Buscar teus escondidos prazeres, buscando meus ninhos.

Quis teu corpo como um náufrago há de querer amigo amplexo,
Como há de querer em água doce saciar sua grande sede.
Então bebi teu gosto ao serenamente beijar teu sexo
E pelos mares do teu corpo quis estender minha rede.

Minhas palavras de desejo ecoavam no silêncio da tua voz,
Mas discursos de posse me soaram teus tímidos gemidos.
Pelo prazer não sabia quem era eu, nem tu, só sentia nós
Fundidos um no outro, já que estávamos um e outro unidos.

Providencial para seu galope servir eu por montaria
E estavas linda como amazona em rédeas firmes mantida.
E foi perfeita a forma de manter-me preso, senão levitaria
Antes de explodir por conta de tanta emoção contida.

Instrumentando nosso primeiro e eterno momento o meu grito,
Acompanhado em turbulenta sinfonia de tambores, sinos e banjos
Gritando um lindo “eu te amo”  a ser ouvido no infinito.
E ao final, ao invés de aflito, dormi com os anjos.


CA Paulon
Enviado por CA Paulon em 14/08/2007
Alterado em 28/02/2008


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